quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Alberobello

Maio de 2019

Saindo de MATERA (Clique aqui para ver o post completo), seguimos para fazer nova base em Alberobello, na região da Bari. Bari é uma cidade maior, mais agitada e com um centro histórico. Mas, tendo em vista que toda viagem tem um tempo limitado, não me interessei por conhecer a cidade. Há quem vá e adoro, como há quem vá apenas para ser base para a região. De fato é uma base interessante para quem prefira cidades maiores.

Eu já sou mais adepta das cidades pequenas, geralmente negligenciadas pela maioria das pessoas, acho que elas ganham um ar especial no anoitecer. Prefiro também a facilidade de entrar e sair de uma cidade pequena, já que nas cidades grandes você perde mais tempo com isso, e ainda pode até pegar engarrafamentos, obras etc.





Minha escolha pela base em Alberobello foi porque essa cidade foi o ponto de partida de todo o roteiro. Há tempos que eu namorava as fotos dessa peculiar cidade italiana e suas casas em formato de cones. Mas nunca havia conseguido encaixar nos meus roteiros. Dessa vez me debrucei no planejamento e, quanto mais eu pesquisava, mais maravilhada eu ficava com a cidade e os arredores. Além de possuir lugares interessantes bem próximos, estaria próxima da Puglia, no sul da Itália, lugar que recomendo a todos conhecer!




Onde ficar

Como explicado, optei por me hospedar em Alberobello, como base para conhecer a própria cidade  e arredores.

Cidades litorâneas a serem visitadas: POLIGNANO A MARE e Monopoli
Cidades sem mar : Locorotondo, Cisternino e Ostuni. 


Como se vê pelo mapa, todas são bem próximas. De Polignano a Mare para Ostuni, cidade mais afastadas do roteiro, são apenas 45 min de viagem. Sendo assim, você pode optar qualquer uma delas (além de Bari) como sua base. Eu fiquei 3 noites ali e achei perfeito. Deu tempo de sobra para fazer tudo, sem precisar de correria. 

Acaso você queira uma base litorânea, tanto Polignano como Monopoli são ótimas opções. Polignano é uma cidade mais sofisticada, situada no alto de profundas falésias. Possui excelentes restaurantes, incluindo um dos mais famosos do mundo - GROTTA PALAZZESE (falarei dele na visita a Polignano). Já Monopoli é uma linda cidade fortaleza, cheia de pequenos e charmosos restaurantes. Ambos são opções interessantes.

Gostei de ter optado por Alberobello, também possui boa estrutura, inclusive fiquei em um Trullo fofíssimo (minha opção) o que foi uma experiência que eu curti bastante.  Fiquei no Rione Ai Picolla. 

Mas as outras 2 cidades citadas possuem uma estrutura ainda maior.


Entrada do "meu" trullo


Uma casa completa com 2 quartos, banheiro e cozinha





Quando ir

Essas cidades não são cidades propriamente praianas (apesar de existirem várias praias por ali). Sendo assim, podem ser visitadas em qualquer época. Mas, o ideal é o período entre abril/maio a outubro. Lembrando que no verão (julho e agosto), fica bem cheio e mais caro. 


Alberobello

Essa curiosa história começa no século 14, quando o Conde de Conversano tomou o controle de uma área não habitada no sul da Itália (que na época não era um país unificado e sim um monte de reinos, condados e principados). O conde e seus sucessores decidiram que não iriam construir habitações permanentes, porque as taxas para terras sem residências eram menores do que para cidades e vilas.




Para convencer os fiscais de que as casas não eram construções permanentes, as trulli (ou trullo, no singular) foram construídas. Essas engenhosas casinhas são inteiramente feitas de pedra calcária, sem nenhuma argamassa ou coisa do gênero, de forma que pudessem ser facilmente desconstruídas e depois reconstruídas para habitação. Mesmo o telhado é feito na base do encaixe, e por isso o formato em cone. Parecem iglus de pedras.




E foi assim que Alberobello, na Itália, tornou-se o que é hoje.

São cerca de 1.400 “trulli” na cidade, fazendo dali um lugar único e diferente de tudo que se pode imaginar. É tão linda, diferente e exótica, que parece saída de um filme de fantasia. Não parece ser de verdade!





Tecnicamente, um trullo era uma casa rural que servia de abrigo ou como armazém. E por isso mesmo, não apenas em Alberobello, mas em toda essa região, você verá essas casinhas espalhadas no meio das plantações. Somente em Alberobello é que esse se tornou o principal tipo de residência da população.

Ali, as casinhas ganharam revestimento branco e o telhado pontiagudo passou a ser decorado com símbolos religiosos, pagãos, hebraicos ou signos do zodíaco com a intenção de trazer boa sorte. Em italiano, o plural de palavras masculinas é feito com "i" ao invés de "s", por isso se diz um trullo, dois ou mais trulli.





As casas são pequenas, com um andar só: é mais fácil combinar várias trullo para fazer uma residência maior do que construir um segundo andar. O interior das trulli é feito normalmente de madeira. Suas paredes são espessas e rigorosamente brancas e o seu interior é fresco durante o verão e quente durante o inverno. Estima-se que nos tetos dos trulli de Alberobello existam mais de 200 símbolos diferentes.




Os senhores donos das terras de Alberobello seguiram com seu jogo de esconde-esconde. Até o século 17, eram poucas famílias, mas no século seguinte a população local já havia crescido para 3500 pessoas. Então, finalmente, ganhou status de cidade. Mas como já era costume, as famílias não deixaram de viver nos trulli. E até hoje tem gente que ainda vive nas curiosas casinhas.






O nome da cidade é em homenagem ao seu belíssimo bosque, repleto de carvalhos. Alberobello, em italiano, significa ‘Bela Árvore’, e vem de Arboris Belli (Belas Árvores).

Os “trulli” considerados Monumento Nacional Italiano desde 1910 e Patrimônio da Humanidade pela UNESCO desde 1996.





A cidade

A cidade é ‘dividida’ em duas partes praticamente: uma área quase que completamente residencial, e outra comercial, são elas: Rione Aia Piccola, onde a maioria das construções é residencial e moderno, com poucos trulli (cerca de 400); e Rioni Monti, onde, em maioria, fica o comércio, principalmente de artesãos e produtos locais.




Porém é do Aia Piccola que se tem a melhor visão das casinhas do Rione Monti, uma área com mais ou menos mil trulli.

Em Rione Monti as casas são bem exploradas e várias ficam abertas para visitar por dentro gratuitamente – algumas até permitem ver o terraço. É fácil descobrir quais, pois há placas bem grandes indicando a existência dos terraços.





Passeando

Eu acho que o ideal é iniciar o seu passeio pela Zona Monumental dei Trulli de Rione Monte.



Principal entrada para Rione Monte

A principal “entrada” para Rione Monti é pelo Largo Martellotta. Há diversos estacionamento ao longo da Via Indipendenza, alguns deles quase em frente ao Largo Martellotta. Verifique bem os horários de fechamento da área de parking, já que alguns fecham mais tarde do que outros. O bom é que o ticket é o mesmo, de forma que, acaso você queira ficar até a noite e só conseguiu vaga numa área que fecha mais cedo, basta voltar lá no fim da tarde, quando a cidade esvazia bem, pegar seu carro e trocar para outro local, sem precisar pagar outro ticket, respeitando o tempo que você colocou, claro! Não é difícil fazer essa manobra, já que a cidade é bem pequena.


Via Indipendenza, em frente ao Largo Martellotta

Bom, carro estacionado, é hora de entrar em Rione Monte. Dali em diante é uma sucessão de lindas casinhas brancas. Difícil é escolher onde tirar as melhores fotos! Cada passo, cada ângulo novo, parece mais lindo que o anterior.


A zona monumental segue subindo levemente essa colina cheia de lindas casinhas

Vou citar aqui alguns dos trullos mais famosos, que você, invariavelmente vai se deparar ou procurar por ele.

Nessa região, o gostoso é andar sem rumo, procurando novos cantinhos, novos terraços, novos telhados, novas esquinas lindas, novas lojinhas, restaurantes, bares e cafés charmosos.







Trullis que merecem especial atenção:

Igreja de Santo Antônio construída em 1927 no formato de "trulli", num terreno doado para os padres Guamelliani. Ela fica em frente a praça Antonio Lipplolis Canonico, toda arborizada e ganha cores lindas ao entardecer. É a igreja mais interessante da cidade.




Trulli Siameses, nas escadarias da Via Monte Nero. Eles são particularmente interessantes e distintos dos outros, porque são formados por duas casas geminadas, mas com entradas em ruas diferentes, unidas pelo mesmo telhado, no formato de uma sela. Reza a lenda que ali viviam dois irmãos que se apaixonaram pela mesma mulher. Ela havia sido prometida ao mais velho. No entanto, se casou com o mais novo. Então, a casa foi dividida entre eles e duas entradas em ruas diferentes foram feitas para evitar que se encontrassem.





Após andar calmante e explorando todas as casinhas do Rione Monte, é hora de conhecer a parte mais nova da cidade, no Rione Aia Piccola. Basta voltar para a rua Indipendenza, onde parou o carro e seguir pro lado contrário do Rione Monte, subindo uma ligeira ladeira.

Você verá placas indicando o Trullo Sovrano. No caminho, passará por um lindo mirante, com uma vista fabulosa do Rione  Monte.




Pontos de interesse de Rione Aia Piccola:

Trullo Sovrano: pertinho da zona de pedestres, na Piazza Sacramento. Ele é o maior da cidade. Foi construído no século XVIII, com dois andares, o que foi uma imensa inovação arquitetônica. A estrutura da escada é praticamente invisível, de tão bem colocada junto ao muro da construção. Hoje abriga um museu com móveis e utensílios da época.




Piazza del Popolo: Depois vá até a cidade nova que se espalha ao redor da praça. Ali os moradores locais se reúnem diariamente para aquele papo animado. Alberobello é muito tranquila. É um lugar onde a vida ainda passa sem pressa.

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Igreja de Cosme e Damiao: na avenida Vittorio Emanuelle. Cosme e Damião são os padroeiros da cidade. Ela tem arquitetura em estilo neoclássico e seu interior é aberto à visitação.





Casa Pezzola: onde fica o Museu do Território Casa Pezzola. Ele ocupa o maior complexo de "trulli" que se comunicam internamente. Fica entre a  Piazza del Popolo e Aia Piccola, numa região bem central da cidade.


O que comer na região

A culinária é fantástica e o carro chefe do local é a massa chamada de ‘oriechette’; geralmente são condidas com verduras como brócolis, é delicioso! Experimente também os queijos, o mais famoso é o Caciocavallo Podoliso! O vinho local é o vinho primitivo.


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Oriechette - muito gostoso
Resultado de imagem para queijo caccio cavalo
Queijo caciocavalo - levemente picante, é simplesmente divino!!!



Dia seguinte saímos para conhecer Polignano a Mare e Monopoli
No ultimo dia fomos a Cisternino, Locorotondo e Ostuni.
Em breve no blog.



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