Maio/2019
Uma cidade espetacular,
que eu conheci em um roteiro explorando o sul da Itália. Comecei por Matera,
depois segui para Alberobello e arredores. Dali fui para a Puglia, Calabria e
Taormina, na Sicilia. Foi um roteiro apaixonante, que em breve estará todo aqui
detalhado!
Matera - A cidade que mais
parece um presépio!
Sem dúvida alguma é uma
cidade completamente diferente de tudo o que eu já havia visto na vida! Se o
que você procura é uma cidade única, esse é local!
A cidade é linda, mas é um
beleza bem menos óbvia. Na verdade ela não é linda propriamente dita, mas tem
uma riqueza histórica tão imensa, uma imersão na antiguidade, tão
impressionante, que é impossível não ficar impactado por ela.
Seu centro histórico é um
emaranhado de casinhas/cavernas, quase um sobre a outra, todas em um tom de
ocre. Um olhar apressado diria que é excessivamente monocromática e sem
atrativos. Mas basta entender que você está diante da terceira cidade habitada, mais
antiga do mundo (depois de Jericó e Biblos, no Líbano), e entender que
ela foi mantida exatamente como era no passado, para então compreender a
imensidão e a beleza daquilo que está na sua frente. É a mais antiga cidade habitada de
toda a Europa!
Naquela época, os homens
se abrigavam em cavernas esculpidas nas rochas ou em grutas. As cavernas eram
escavadas de modo caótico, umas sobre as outras, formando um imenso labirinto
de “sassi”. Essas casas de pedras são chamadas de Sassi, que significa “pedra”.
Matera é um dos tesouros
mais instigantes da Italia! Também é conhecida
como “Cidade Subterrânea” foi construída na borda de um desfiladeiro rochoso,
na região de Basilicata, no sul da Itália ainda na pré-história.
Muitos anos depois, entre
os séculos VIII e XIII, monges membros da igreja greco-bizantina passaram a se
refugiar nessas cavernas após serem expulsos do seu território. Isso explica a
grande quantidade de igrejas rupestres construídas dentro das cavernas de
Matera. Visitar a cidade é uma volta no tempo! É incrível como a fundação da
cidade permanece praticamente intocada ao longo de tantos séculos.
Depois do século XVII a
cidade alta começou a se desenvolver. Surgiram grandes mansões, conventos,
palacetes, monastérios. Foi criado um sistema hidráulico inovador para
abastecer a cidade com água e garantir a distribuição com facilidade, já que
ela fica num desfiladeiro. Esse sistema pode ser visitado e é muito
interessante!
História da cidade
Até o início do século 19,
Matera era uma próspera cidade rural e capital regional da Basilicata – o salto
da bota italiana. Mas com a mudança da capital para Potenza, o prestígio acabou
e a cidade foi empobrecendo.
As famílias que ficaram
viviam aglomeradas...famílias numerosas e animais viviam em conjunto no
interior dessas cavernas (chamadas de Sassi). Claro que doenças como malária,
febre e outras, tornam-se uma ameaça em razão da falta de saneamento básico, de
luz e de água encanada. Para coletar água, eles usaram por muito tempo as áreas
comunais, além de cisternas públicas. Trabalhavam nos campos, tinham seu
próprio dialeto, mas estavam isolados.
Até os anos 50 cerca de 40
mil pessoas viviam nas casas grutas, numa média de 9 pessoas por caverna, além
dos animais. Por causa dessas baixas condições de higiene, a taxa de
mortalidade era muito elevada. Por esse motivo, Matera foi considerada uma
vergonha nacional.
Interior da Casa Grotta |
Em 1952 o Estado italiano
ordenou que as casas gruta do centro histórico de Matera fossem desocupadas e
os habitantes transferidos para outras habitações construídas pelo governo.
Assim, Matera até o início dos anos 80 era praticamente uma cidade fantasma.
Apesar dos planos de
implodir o local, o que aconteceu foi que, pouco a pouco, ao longo dos anos
1970 a 1990, jovens, artistas e empresários voltaram a viver nos Sassi,
reformando as antigas habitações.
Após 1993, com os Sassi
tendo se tornando Patrimônio da Unesco, as coisas mudaram bastante, sobretudo
no que diz respeito ao turismo. Muitas das casas-gruta se tornaram lojas de
souvenir, restaurantes e hotéis, desde os mais simples até 5 estrelas.
Hoje em dia, famosa
justamente pelos Sassis, que antes eram motivo de vergonha, possui agora
paisagens de tirar o fôlego.
Em 2019 foi escolhida como
uma das capitais culturais da Europa.
Entendendo a cidade
A parte antiga é dividida
em três áreas: a Civita e o Piano formam parte mais alta, onde ficam as grandes
igrejas e alguns palácios. E dos dois lados, circundados por um vale, estão os
Sassi (ou pedras), as áreas residenciais, construídas fora dos muros da Civita,
com as casas umas em cima das outras, escavadas nas rochas.
São o Sasso Barisano, mais
organizado, conhecido por ter vários elementos mais artísticos, e o Sasso
Caveoso, onde há bem mais cavernas.
O Sasso Caveoso é a área
virada para sul. As cavernas são construídas uma sobre a outra, em cima de uma
pedreira aberta antiga, formando uma arquitetura semelhante a um anfiteatro
clássico.
O Sasso Barisano é a área
que dá para o norte. As casas são desenvolvidas à beira de um precipício
profundo.
Onde se hospedar
Dentro da cidade
histórica, região dos sassis, existem diversas opções de hospedagem e para
todos os bolsos e para todos os gostos. Muitos, inclusive, são sassis,
transformados em casas, pousadas ou mesmo hotéis.
Mas você tem que prestar
MUITA ATENÇÃO, se quiser se hospedar numa dessas, sem dúvida, charmosas opções.
Para o turista europeu,
que viaja geralmente com uma mochila apenas, tudo é fácil. Já para nós
brasileiros, que viajamos de longe, geralmente levando malas, a questão da
entrada e saída da acomodação, bem como garagem (se estiver de carro), fazem
toda a diferença.
Existem hotéis que ficam
na parte alta da cidade e que tem acesso a carro. Mas, para ficar nas lindas e
acessíveis casas espalhadas pelos sassis, lembre-se que VOCÊ NÃO PODERÁ CHEGAR
DE CARRO! Sim, a cidade é cheia de ruelas de pedras, com subidas, descidas e
escadas. Não entra carro, tuk tuk, moto e nem bicicleta! E mesmo que pela
metragem pareça perto, lembre que será essa distância, geralmente subindo ou
descendo, porque a cidade é quase inteiramente subindo ou descendo! Vi muita
gente andando por lá, carregando malas para cima e para baixo e posso garantir
que não pareciam muito satisfeitos....rsrs.
Eu preferi não me arriscar
e fiquei numa casa alugada pelo Airbnb, que ficava cerca de 2 km dos Sassis,
num local bem ermo. Não indico porque acabei achando ermo em excesso. Mas
qualquer local fora dos Sassis, no entorno do Centro Histórico, é interessante.
Se estiver perto o
suficiente para ir a pé, melhor ainda. Caso contrário, você estaciona seu carro
em algum dos estacionamento pagos no entorno.
Para ter uma referência, a
rua de acesso a Piazza Vittorio Veneto é a Via Luigi Lavista. Há opções de
hospedagem e estacionamento por ali. Já a Via Emanuelle Duni é a rua de acesso
ao centro histórico iniciando o roteiro pelo fim (Palazzo Lanfrachi). Use essas
referências caso queira hospedagem próxima ao Centro Histórico.
Roteiro de visita
Vittorio Veneto – Palomaro
Lungo – San Nicola Del Greci – Sassi in miniatura – Matera Cathedral – Casa
Noha – Musma – Piazza del Sedile – San Pietro Caveoso - Santa Maria de Idris e
San Giovanni – Santa Lucia alle Malve – Belvedere de Piazza Giovanni – Palazzo
Lanfranchi - Casa Grotta
Fora do Centro: Castelo
Trasmontano e Parco dela Murgia
Piazza Vittorio Veneto (cidade
alta) : É o coração da cidade,
lugar onde normalmente os habitantes se encontram. A partir da praça você
pode apreciar a vista da Sasso Barisano.
Também o ponto de partida
de um caminho subterrâneo escavado na rocha, que consiste em casas, lojas,
cisternas e poços. Na praça há também lojas de roupas, de souvenirs e bares
onde se pode desfrutar de um excelente café.
Fica também nessa praça uma espécie de "shopping", que é um prédio alto que tem uma sala de cinema, restaurante e um café. No terraço desse prédio, no café, você pode saborear um cappuccino ou uma taça de vinho, com uma linda vista da própria praça e também do Sassis.
"shopping" |
Vista do Café |
Não só ali, mas em cada praça
dessa cidade, existe um balcão
panorâmico para se ser ver a parte baixa da cidade (Sasso Caveoso e Sasso
Barisano). Ao longo da caminhada você vai passar por algumas portas antigas,
pelo Castelvecchio e
pelo Palazzo Ridola até
chegar na Catedral.
Numa ruazinha que sai desse ponto, está o restaurante Il Terrazzino, onde jantamos no horário do anoitecer. Fizemos reserva durante o dia, para garantir uma mesinha ao lado do balcão com vista. A comida é boa, os preços bem razoáveis e uma vista linda. Quando anoitece, com tudo iluminado, fica parecendo mesmo um presépio de natal!
Il Terrazzino |
Palombaro Lungo : O Palombaro Lungo é
uma enorme cisterna escavada na Piazza Vittorio Veneto, utilizada nas
primeiras décadas do século passado para a coleta de água. O nome vem da
palavra latina “Plumbarius” usado para indicar aqueles que revestiam de
chumbo os tubos dos aquedutos ou então que trabalhavam no setor
hidráulico. A cisterna foi construída em 1846 como uma reserva de água
para os habitantes do Sasso Caveoso e para o Castelo Tramontano.
É possível visitar a
cisterna percorrendo um caminho a cerca de 17 metros de profundidade e que permite desfrutar os ambientes desta
maravilhosa obra de engenharia hidráulica.
Mas atenção! As visitas
têm horários bem precisos. Ela fica aberta todos os dias mas só pode entrar em tours
guiados (em italiano ou em inglês) e com um número limitado de participantes. O
bilhete custa 3 euros e a visita dura 25 minutos. É imprescindível que você, caso queira visitar, vá logo ao guichê para
comprar seu ticket, escolhendo o horário adequado aos seus planos. É
bastante difícil conseguir chegar e comprar para o tour seguinte. Vá, escolha o
horário, garanta sua visita e se organize para cumprir esse horário.
San Nicola dei Greci e
Madonna delle Virtù : Trata-se de um complexo rupestre
composto por duas igrejas, a da Madonna delle Virtù e a de San Nicola dei Greci.
Essa construção é um excelente exemplo da típica “arquitetura negativa” de
Matera: as construções eram feitas para dentro das rochas, escavando as pedras.
Lá dentro também dá para ver parte do sistema interconectado de cisternas para
coleta de água da chuva – e ainda tem os tanques antigos de produção de vinho.
A igreja da Madonna das
Virtudes é totalmente esculpida na pedra calcária, mas com todas as
características arquitetônicas típicas de uma basílica de três naves em estilo
românico. Lindos afrescos decoram a área central.
Acima da igreja da Madonna
delle Virtù surge a igreja gruta de São Nicolau dos gregos, construída em
torno do século IX em estilo bizantino-Oriental. A igreja tem uma estrutura de
duas naves com tantas finais absides, enriquecida à direita pela representação
da crucificação e à esquerda por representações de Santa Barbara, San
Pantaleone (século XII) e São Nicolau (XIV século).
Sassi in Miniatura: O trabalho artesanal de
escultura em calcarenito-a rocha local-reproduz fielmente as ruas vielas e
vicos com rara fidelidade. Souvenirs entalhados como a cidade também estão
disponíveis para venda. A entrada é gratuita e é rapidinho.
Catedral de Matera: A Catedral de Matera fica
na parte mais alta do centro histórico, numa colina do bairro da Civita. Ela
domina o centro histórico, tanto que pode ser vista já de longe. A construção
da catedral iniciou em 1230, terminando em 1270, e há quase oito séculos essa
beleza da cor de marfim se destaca em meio aos Sassi, magnífica e imponente,
exatamente como queriam aqueles que a mandaram construir.
Dizem que a catedral tem
duas almas: o externo conserva a sobriedade do estilo românico do século XIII e
em cuja fachada domina uma enorme rosácea. A parte interna, por várias vezes
modificada, é um triunfo do barroco, entre estuques, telas, esculturas e
elementos dourados.
A Catedral de Matera fica
aberta todos os dias, das 9 às 19h.
MUSMA (para quem gosta e
tiver tempo) : O MUSMA – Museu da
Escultura Contemporânea de Matera – é um lugar imperdível para quem aprecia
esta arte. São mais de mil metros quadrados de salas escavadas na rocha, nas
quais estão expostas mais de 250 obras de artistas italianos e de outros países
do mundo. Há esculturas em bronze, tufo, madeira, ferro, mármore e cerâmica,
desenhos, incisões, medalhas e livros de arte.
O Museu da Escultura
Contemporânea fica em um dos edifícios mais significativos de Matera, o Palazzo
Pomarici, também chamado de palácio das cem salas, no coração do Sasso Caveoso
O MUSMA fica aberto de
terça a domingo, das 10 às 14h e das 16 às 20h. O bilhete custa 5 euros.
Casa Ortega e Casa Noha
(se der tempo) : A Casa
Ortega testemunha a presença do grande artista espanhol José Ortega
em Matera. O edifício tem vinte baixo-relevos coloridos que o pintor
criou em 1975, em Matera, usando a mais popular técnica de artesanato
local: papel machê.
A Casa Noha oferece uma
sugestiva viagem multimídia à descoberta da alma de Matera através de um
percurso tecnológico que leva o visitante pelos becos e escadarias da
cidade, em uma caminhada urbana dividida em cinco rotas, associadas com cinco
elementos: água, pedra, luz, tempo e espírito.
Piazza del Sedile : A Piazza del
Sedile sempre desempenhou um papel central para a cidade de Matera. No
passado, ela representava o coração político da cidade e hoje é um lugar
muito frequentado, principalmente durante as noites de verão. A praça hoje
é cercada por lojas e bares, onde antigamente ficavam armazéns e oficinas.
Na praça fica o palácio
que leva o mesmo nome, o Palazzo del Sedile, que hoje em dia é sede de um
conservatório. Prestando atenção no topo do edifício,
notamos duas estátuas. Eles representam os patronos da cidade de Matera:
da esquerda para a direita, Santo Eustáquio e a Madonna Bruna.
Vale a pena uma parada por
ali, para curtir o clima agitado da cidade e tomar um drink enquanto descansa
as pernas de subidas e descidas pelos sassis.
San Pietro Caveoso: A Igreja de San Pietro
Caveoso foi construída em 1218, mas muito modificada ao longo dos anos. A
entrada é gratuita, mas a melhor parte da visita é a vista da praça que fica em
frente à construção.
Ao lado de San Pietro
Caveoso fica uma grande rocha. E no topo dessa rocha, além da vista incrível,
está a entrada para outra igreja-caverna, a Dell’Idris Madonna e San Giovanni
Monterrone.
Santa Maria de Idris e San
Giovanni : A igreja de Santa Maria de
Idris é um templo rupestre com afrescos do século XII escavado no cume do Monte
Errone, dominando o Sasso Caveoso.
A
igreja aparentemente deve o seu nome à devoção com a qual as mulheres
imploravam a Virgem Maria em épocas de seca. Idris, além de significar
“aquela que mostra o caminho”, do grego Odigitria, poderia se referir
também à água que jorrava da rocha. Não pare no primeiro ambiente da
igrejinha, mas siga pelo túnel que leva à verdadeira jóia: a Cripta
rupestre de São João Monterrone com afrescos extraordinários que datam do
século XII e que mostram claramente a influência da arte bizantina.
Essa Igreja é absolutamente
incrível! Porque é como se ela fosse parte da rocha. Ela é linda e a vista a
partir dela também é linda!
Uma
dica: Do alto da igreja também se tem um outro ponto panorâmico de Matera.
Belvedere Guerrichio :
onde tem o melhor por do sol
Palazzo Lanfranchi : O Palazzo Lanfranchi é a
maior expressão da arquitetura barroca em Matera. Nele fica a sede do Museu
Nacional de Arte Medieval e Moderna da Basilicata, onde se destaca a
sessão dedicada às trezentas obras da escola napolitana de pintura e aquelas dedicadas
ao escritor Carlo Levi, entre cujas telas de destaca a famosa Lucania 61,
celebração do mundo camponês e da realidade da região.
Logo ao lado do Palácio há
um mirante com uma vista primorosa dos Sassis.
O Palazzo Lanfranchi fica
na piazzetta Pascoli, 1. Fica aberto todos os dias, das 9 às 20h. O bilhete
custa 3 euros.
Casa Grotta: é uma casa que fica bem no meio do Sassi Caveoso. Ali é possível fazer a visitação do interior de uma casa, tal qual era nos tempos antigos. É uma visita rápida e interessante. O ambiente é recriado, possibilitando ver como era a casa de uma família, sem saneamento básico e dividindo espaço até com animais de grande porte, como burros ou cavalos.
Castelo Tramontano : A construção do castelo
Tramontano iniciou no início do século XVI, no alto de uma colina, mas nunca
terminou por causa de uma conjuração que ocorreu em 1515, durante a qual morreu
o conde Giorgio Tramontano, a pessoa que tinha ordenado o início das obras. O
conde era um déspota e foi assassinado enquanto saía da catedral. Fica fora da
parte histórica dos sacis e pode ser visitado de carro, quando você estiver
chegando ou saindo da região dos sassis.
Parco della Murgia : Deixando para trás a
beleza do centro histórico de Matera, podemos admirar um outro lado da cidade,
um cenário natural lindíssimo. Dirigindo até o Belvedere Murgia Timone,
chegamos ao Parque Regional Arqueológico Histórico Natural das Igrejas
Rupestres de Matera.
O local tem grande valor
histórico e, de quebra, se tem lindas vistas de Matera de lá.
São cerca de 8000 hectares
caracterizados por canyons profundos, cascatas, trilhas e grutas naturais
utilizadas pelo homem desde a pré-história. Possui cerca de 150 igrejas
rupestres, entre as quais se destaca a Cripta do Pecado Original, também
conhecida como Cripta dos Cem Santos, com afrescos do século IX que retratam
episódios do Livro de Gênesis (considerada a “capela sistina” rupestre).
O panorama das grutas do
Parco della Murgia visto de Matera.
Uma curiosidade sobre este
lugar: ali foram filmadas as cenas da Crucificação de Jesus e do Sermão do
Monte das Oliveiras no filme Paixão de Cristo, de Mel Gibson.
Entre as outras igrejas
rupestres do parque da Murgia, estão a igreja de Madonna delle Croci, San
Nicola all’Ofra, San Vio, la Madonna degli Angeli, além das criptas de
Sant’Eustachio, Cristo La Selva, Madonna di Monteverde, etc.
Restaurantes com vista:
- L’Antica Credenza ( Via San
Francesco 75100), costuma ser indicado, mas acabei não indo.
- Il Terrazzino (Vico San Giuseppe, 7) - vista espetacular. Merece fazer reserva de mesa no balcão. Não fica frio, porque tem um toldo transparente fechando nas noites frias.
O
que comer em Matera: o que se come em todo o Sul...produtos
frescos. Uma das tradicionais opções são as Latteria. Elas são como um
açougue/mercearia com mesas e cadeiras onde você escolhe um corte de carne e
eles preparam para você na hora. Uma boa opção é a linguiça pezzente, um Slow Food feito com carne de porcos
selvagens.
Passeio por perto: Cidade de Altamura
Caso você tenha mais tempo em Matera, outra cidade próxima que vale a pena ser visitada é Altamura. É graciosa, mas realmente só vale em caso de haver tempo de sobra.
ALTAMURA
Altamura é um lugar onde
natureza, história, cultura e gastronomia se entrelaçam. Um destino que oferece
diferentes e interessantes itinerários culturais e gastronômicos, onde o pão é
sempre protagonista.
Para vocês terem uma ideia do renome e da importância do
pão de Altamura, já no ano 37 a.C., o poeta Horácio afirmou que ali se
encontrava “o melhor pão do mundo, tanto que o viajante sábio leva
consigo uma quantidade dele na continuação da viagem”. Bom, isso é a fama. Provei o tal pão de Altamura em uma das fornerias mais tradicionais. Achei um pouco duro, meio seco e, na minha opinião, longe de valer uma visita por causa dele. Mas, não deixa de ser uma curiosidade!
O nome Altamura deriva de
“altus murus”, ou seja, das muralhas megalíticas do século VI a.C., que serviam
para defesa da cidade.
Altamura ficava em um território muito fértil, rico de
campos de trigo, vinhedos e olivais. Por esse motivo era muito desejada por
Taranto, que tentava conquistar todo o território. Na época, Altamura tinha
três faixas de muralhas: a externa, de origem megalítica, imensa, a do meio
(que hoje não existe mais) e a interna, que atualmente circunda o centro
histórico. Todas as três coincidiam na porta Matera.
Corso Federico II
O Corso Federico II é a
rua principal do centro histórico de Altamura e o atravessa completamente, da
Porta Bari à Porta Matera. A rua é repleta de bares e lojas e onde a
população passeia nos fins de tarde. Você
pode percorrer a inteira rua, indo de uma ponta à outra, observando os lindos
palácios.
Catedral de Santa Maria
Assunta
A Catedral de Altamura,
foi construída por Frederico II entre 1232 e 1254. Em parte destruída,
provavelmente por um terremoto, foi reconstruída em 1316. É um belo conjunto
arquitetônico e denota leveza e agilidade.
No exterior é
possível admirar o portal, ladeado por dois leões do século XVI, as duas
grandes torres campanárias e, no meio, uma magnífica rosácea de 15 raios
com um anel ricamente esculpido.
Os claustros e vielas
Basta um rápido passeio
pelo centro histórico de Altamura para que a gente se dê conta que a parte
antiga tem uma forma muito peculiar, cheia de becos que lembram bairros árabes,
outros em estilo grego. A particularidade destes becos é que alguns terminam em
pátios bem mantidos pelos habitantes, repletos de plantas e flores.
Antigamente esses
claustros se tornavam verdadeiras escolinhas, onde as professoras eram as
mulheres mais velhas do condomínio, que ensinavam as meninas a fazer os
diversos tipos de macarrão e a costurar.
Os fornos e padarias
tradicionais
No centro histórico de
Altamura restam ainda três padarias históricas, onde é possível degustar o
famoso pão da cidade. Um deles é o Antico Forno Santa Chiara, que é
datado de 1423. É um dos primeiros fornos públicos de Altamura, utilizados
para assar o pão típico.
Dentro da padaria há um
imenso forno a lenha onde as pessoas podiam levar o próprio pão feito em casa
para assar. As mulheres deixavam o pão “na fila” e voltavam mais tarde para
pegá-lo, já pronto. Hoje em dia, as padarias viraram verdadeiras atrações
turísticas onde é possível comprar todos os produtos típicos de forno da
região.
Endereços:
- Forno Santa Chiara: Via Luca Martucci
- Panificio Fratelli di Gesù: Via
Pimentel, 17
- Forno Santa Caterina: Via Ambrogio del
Giudice, 2
O homem de Altamura
Em 1993, durante a
exploração de uma caverna chamada Gruta de Lamalunga, nos arredores de
Altamura, alguns espeleólogos encontraram um esqueleto incorporado na
formação de calcário. Após uma pesquisa muito minuciosa, foi confirmado que
se tratava dos restos perfeitamente preservados de Homo sapiens
neanderthalensis (que datam do período paleolítico médio, cerca de 200.000 anos
atrás): único caso de esqueleto humano paleolítico. Ele foi apelidado de Homem
de Altamura.
No Museu Arqueológico,
onde há uma série de achados arqueológicos que remontam ao período entre os
séculos VIII e V a.C., há uma reprodução hiper-realista do homem de
Altamura: é um modelo em escala real (1,60m de altura).
O que comer em Altamura
Não tem só pão para comer
em Altamura! Um doce típico é a “tetta di monaca” (seio de freira!), um bolinho
macio recheado com creme chantilly.
Para quem não teme o alto
teor alcoólico, um licor digestivo renomado é o Padre Peppe (feito
com nozes) cuja receita é atribuída a um frade do século XVII, daí o
nome. É muito, muito forte.
Nos restaurantes você
encontrará pratos com cogumelos cardoncelli, produtos espontâneos da
Murgia, deliciosos e carnosos. O planalto da Murgia oferece
também o melhor cordeiro da região, que é o destaque da gastronomia de
Altamura.
Outro produto delicioso
são as linguiças, que não são preparadas com carne moída, mas picadinha com a
faca, uma especialidades de açougueiros locais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário